Mariza actua na Passagem de Ano de Albufeira

www.jornaldoalgarve.pt, 28 de Dezembro de 2010

Para além da atuação dos 12 concorrentes finalistas do “Ídolos”, o programa vai contar com a participação de grandes nomes nacionais e internacionais, estando já confirmada a presença dos Expensive Soul e dos Asher Lane. Mas a grande surpresa é mesmo o anúncio de que Mariza também irá atuar.

As últimas revelações do programa de fim de ano em Albufeira foram divulgadas, na semana passada, no auditório da RFM, no Chiado.

Nesta campanha de promoção, a conceituada fadista foi apresentada como uma das grandes atrações da última noite de 2010. “A fadista vai atuar num registo diferente daquele a que nos habituou pelo que se espera uma grande surpresa”, disse Nuno Santos, o diretor de programas da SIC.

Do fado ao hip-hop, o grupo de rappers de Leça da Palmeira também irá fazer a contagem decrescente para 2011, em Albufeira. Os Expensive Soul, celebrizados pelos temas “O Amor é Mágico”, “Eu não Sei” ou “Falas disso”, preparam-se para pôr a plateia a dançar ao som de soul, reggae, hip-hop e R&B.

Diretamente da Alemanha, chega ainda a banda de rock Asher Lane. Os cinco rapazes catapultados para a fama com o single “New Days”, vão interpretar alguns dos seus temas, conhecidos pelas letras intensas, que tocam o coração.

O administrador da Freemantle Portugal, Francisco Ferreira de Almeida, reforçou o caráter inédito da iniciativa, que vai envolver mais de 300 pessoas nos bastidores e, “pela primeira vez a nível mundial, apresenta o Ídolos com este formato e para tantas pessoas”.

Já em 2011, e depois de encontrado o vencedor da segunda edição do programa, o palco ficará por conta de Diego Miranda. O DJ português mais reconhecido da atualidade tem preparado um alinhamento especial que conta com a participação de diversos vocalistas. Liliana e Katorz são já presenças confirmadas.

Mas a programação de fim de ano tem início já no próximo dia 30 de dezembro, com o regresso do Paderne Medieval. Até 2 de janeiro, a aldeia histórica de Paderne irá servir de cenário a desfiles, torneios, exibições, mercado medieval, atuações musicais e muitos outros momentos históricos.

Mariza no Multiusos de Guimarães

www.tempolivre.pt, 15 de Dezembro de 2010

No primeiro concerto ao vivo após a apresentação do álbum "Fado Tradicional", a fadista Mariza actuará no Multiusos de Guimarães, no dia 2 de Abril (22 horas).

Integrando um dueto com Artur Batalha (“Promete jura”) e temas de autoria de Fernando Pessoa, Amália Rodrigues e Diogo Clemente, Mariza Mariza interpreta no novo álbum fados tradicionais como “Promete Jura”, “Fado Sérgio”, “Fado Alfacinha”, “As meninas dos meus olhos”, “Fado Varela” e “Mais uma lua”, entre outros.

O aguardado novo espectáculo de Mariza terá um cenário desenhado pelo conceituado arquitecto Frank Gehry.

Aplaudida em Portugal e no estrangeiro e com mais de 30 discos de platina, Mariza reúne o reconhecimento do público e da crítica mundial. O seu trabalho já foi distinguido, entre outros, com os galardões MIDEM European Boarder Breaker Award e o prémio da BBC para melhor artista europeia de World Music, além de duas nomeações para os Grammys.

Mariza tem esgotado algumas das mais prestigiadas salas dos cinco continentes, como a Ópera de Sidney, o Royal Albert Hall (Londres) e o Carnegie Hall (Nova Iorque).

O concerto de Mariza é promovido pela Audioveloso e o preço dos bilhetes varia entre os 15 e os 35 euros (Cadeiras VIP: 35 euros; 1ª Plateia: 25 euros; Bancadas: 17,50 euros; e 2ª plateia: 15 euros - Todos os lugares sentados/sem marcação).

Os bilhetes podem ser adquiridos no Multiusos de Guimarães e em
www.ticketline.pt.

PARABÉNS / HAPPY BIRTHDAY


Tenho um livrinho onde escrevo
Quando me esqueço de ti.
É um livro de capa negra
Onde ‘inda nada escrevi.

FERNANDO PESSOA
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RM_10 * fotografia de António José Ribeiro


Fado Tradicional

CD
Título: Fado Tradicional
Publicação: 2010
Editora: EMI Music Portugal
Produção: Diogo Clemente
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01. Fado Vianinha – Fado Vianinha (Francisco Viana)
02. Promete, Jura – Fado Sérgio (Maria João Dâmaso / Sérgio Dâmaso)
03. As Meninas dos Meus Olhos – Fado Alfacinha (Fernando Pinto Ribeiro / Jaime Santos)
04. Mais Uma Lua – Fado Varela (Diogo Clemente / Reinaldo Varela)
05. Dona Rosa – Fado Bailarico (Fernando Pessoa / Alfredo Marceneiro)
06. Ai, Esta Pena de Mim – Fado Zé António (Amália Rodrigues / José António Guimarães Serôdio)
07. Na Rua do Silêncio – Fado Alexandrino (António Sousa Freitas / Joaquim Campos)
08. Rosa da Madragoa – Fado Seixal (Frederico de Brito / José Duarte)
09. Boa Noite Solidão – Fado Carlos da Maia (Jorge Fernando)10. Desalma – Fado Alberto (Diogo Clemente / Miguel Ramos)
11. Meus Olhos Que Por Alguém – Fado Menor do Porto (António Botto / José Joaquim Cavalheiro Jr.)

12. Promete, Jura – Fado Sérgio – (Maria João Dâmaso / Sérgio Dâmaso)
13. Olhos da Cor do Mar – Fado Amora (João Ferreira-Rosa e Óscar Alves / Joaquim Campos)

14. Lavava no Rio, Lavava – Fado Lavava No Rio, Lavava (Amália Rodrigues / Fontes Rocha)

Mariza actua em Madrid com Javier Limón

Diário de Notícias, 12 de Dezembro de 2010

Mariza canta amanhã no Teatro Rialto, em Madrid, na apresentação do projecto do produtor Javier Limón, Mujeres de Agua, dedicado às iranianas perseguidas, por cantarem em público. Além de Mariza, o álbum conta com participação de Yasmín Lévy, Eleftheria Arvanitaki, Aynur Doganas, La Shica, Cármen Linares, Estrella Morente, Concha Buika, La Susi, Genara Cortés e Montse Cortés. No palco do Rialto, na Gran Vía, para dois espectáculos - às 20.00 e às 22.30 - estarão Mariza, Concha Buika, La Shica, Sandra Carrasco, Montse Cortés, Genara Cortés e La Susi.

"Acho o que se passa no Irão muito estranho. O canto é um libertar de sentimentos e é uma expressão da alma. Eu não conseguiria viver num mundo assim e acho completamente injusto e desumano", disse à Lusa Mariza.

Das participantes, apenas a fadista portuguesa, Yasmín Lévy e Eleftheria Arvanitaki cantam um tema tradicional dos seus países. As restantes interpretam canções de Javier Limón. Mariza interpreta Fadista Louco, um original de Alberto Janes.

Mariza Cavaleiro de Artes e Letras

texto de João Vaz
Correio da Manhã, 8 de Dezembro de 2010



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Mariza foi ontem agraciada com a medalha de Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres atribuída pelo ministro da Cultura de França, Frédéric Mitterrand. Trata-se da primeira condecoração estrangeira para a fadista feita comendadora da Ordem Infante D. Henrique pelo Presidente Jorge Sampaio. E também, com regozijo do próprio, a primeira distinção entregue pelo embaixador Pascal Teixeira da Silva, que tem funções em Lisboa há três meses e é filho de um português de Castelo de Paiva que emigrou nos anos 30.

Na cerimónia, ontem à noite na embaixada de França, Mariza afirmou a satisfação por estar, nesta estreia, rodeada de amigos como Carlos do Carmo e Herman José. Ao CM, contou uma recordação emotiva de França: "O meu pai falava-me muito do Olympia, em Paris, que considerava o máximo para quem canta. Foi com muito amor que guardei segredo e de surpresa o levei lá com a minha mãe, no dia em que lá cantei".

O sentimento marcou também o discurso do embaixador Pascal Teixeira da Silva e não só por influência. Ele disse ao CM que além de Mariza, no Coliseu também já assistiu a espectáculos de Katia Guerreiro, António Zambujo e Duarte.



Mariza pede livros para ajudar Moçambique

de João Tomé
Destak, 6 de Dezembro de 2010

Se há figura pública que personifica a forte ligação entre Portugal e Moçambique é Mariza. A fadista portuguesa que faz furor no estrangeiro nasceu a 16 de Dezembro de 1973 em Lourenço Marques, actual Maputo.

Filha de pai português e mãe de origem africana, Mariza apresenta hoje uma iniciativa solidária e educativa a favor da terra onde nasceu (ela e Eusébio).

A campanha nacional de recolha de livros para Moçambique tem hoje o seu ponto de partida oficial, numa apresentação no Chapitô. Esta é a primeira iniciativa da Associação sem fins lucrativos Karingana Wa Karingana, que procura promover acções de apoio, solidariedade, cooperação e desenvolvimento junto dos povos, comunidades e países de expressão lusófona.

A recolha de livros seleccionados de acordo com as necessidades concretas conta ainda com o apoio de outras personalidades: do comendador Rui Nabeiro, ao General Luís Valença Pinto, chefe do Estado Maior General das Forças Armadas.

AMIGOS 009 FRIENDS



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Ubi, Mariza and Ricardo * 13/07/2010
ESPAÑA, Madrid – Escenario Puerta de Ángel



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Nemanya and Mariza * 10/04/2010
SERVIA, Belgrade – Sava Center



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Linda, Mariza and Genoveva * 10/08/2010
ESPAÑA, Sant Feliu de Guixols – Festival Internacional de la Porta Ferrada



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Mariza and Emanuel * 08/09/2010
PORTUGAL, Águeda – Largo 1º de Maio






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Genoveva and Mariza * 13/07/2010
ESPAÑA, Madrid – Escenario Puerta de Ángel

"O fado ajuda-me a exorcizar todos os medos e tristezas"

entrevista de Miguel Azevedo
Revista Vidas, 27 de Novembro de 2010

Neste novo disco decidiu voltar às raízes e homenagear nomes como Amália Rodrigues, Fernando Maurício, Artur Batalha ou Alfredo Marceneiro. É um regresso a casa?
Sim, é um regresso a casa, mas é também um "muito obrigada" a todas essas pessoas que me ensinaram e que me deixaram cantar o fado à minha maneira.

Como é que foi mexer no baú das memórias? Foi um exercício muito nostálgico?
Não. Foi muito bom (risos). É engraçado, porque durante a gravação deste disco houve fados que eu acabava de cantar, abria os olhos e percebia que tinha estado na taberna dos meus pais, que tinha sentido os cheiros, os barulhos e as vozes, ou então que tinha estado a correr pelas ruas da minha Mouraria. É curioso como já passaram tantos anos e ainda está tudo tão vivo e tão presente.

Esta coisa do ‘Fado Tradicional' quer dizer que existe um fado novo?
Fado é fado, mas quando falamos de fado tradicional falamos de mais ou menos 300 fados que têm cerca de cem anos e que podem ser cantados por todos os fadistas. São fados que podem variar nos poemas mas em que a melodia é sempre igual. Depois existe um fado mais novo, musicado, do qual a Amália nos deixou um grande legado, que o próprio Carlos do Carmo já fez muitos e que nós, da nova geração, também vamos fazendo.

Porque é que continua a fazer questão de dizer que é uma cantadeira de fados e não uma fadista?
Porque, apesar de amar o fado, também tenho um gosto musical muito variado. Gosto de cantar outras sonoridades, e isso faz com que não me sinta completamente fadista. Aliás, no meu bairro, quando se chama fadista a alguém é para o elogiar, e eu não me vou auto-elogiar. Se alguém me quiser chamar fadista, eu aceito.

Está perto de cumprir dez anos de carreira. Nunca a assustou o ritmo a que as coisas se sucederam na sua vida?
As coisas passaram sempre tão rápido que não dá para ficar assustada. Aliás, acho que ainda estou a digerir isto tudo. O que posso dizer é que em alguns concertos dá, de facto, para ficar assustada. Subir ao palco de um Royal Albert Hall dá um enorme frio na barriga. E isso tem a ver com o facto de eu ser muito exigente comigo própria e de querer fazer cada vez melhor. É a minha forma de estar.

Mas o que vê quando olha para trás?
Vejo que foi tudo muito intenso. Acho que só daqui a dez anos é que poderei falar daquilo que vivi nestes últimos dez. Talvez por essa altura já tenha conseguido digerir isto tudo.

O que mudou em si nestes dez anos?
Acho que nada. Estou um pouco mais velha (risos), mais cansada e muito mais atenta àquilo que me rodeia.

O que é que ainda existe daquela menina que começou a cantar no Zalala?
Ainda existem muitos medos, muitos receios e muita vontade de estar com os amigos e com a família. Continuo a ter muita vontade de regressar a casa. Acho que aquilo que mudou foi, precisamente, o não poder estar aqui com tanta assiduidade como estava.

Não se sente cansada das viagens?
Às vezes sinto-me cansada de viajar, porque a solidão também pode ser cansativa. Passamos o dia rodeados de gente, a entrar e a sair; mas depois existe uma solidão, porque as pessoas que nos são mais próximas não estão.

E como é que os seus pais lidam com a sua ausência?
Às vezes vêm comigo. Quando são viagens mais perto e que não são muito cansativas, eles acabam sempre por me acompanhar, como Paris, Madrid ou Barcelona.

Sente-se uma embaixadora de Portugal no Mundo? Sente essa responsabilidade?
Quando sinto que sou uma ponte entre culturas, claro que sinto essa responsabilidade, mas ela nasce comigo própria, porque sou muito exigente comigo e com quem trabalha comigo.

Sente que a sua recepção lá fora é igual àquela que tem em Portugal?
Sim. Ainda há pouco tempo dei um concerto em Bucareste, onde nunca tinha estado, e lotei uma sala de 4300 lugares. As pessoas sabiam as músicas todas, cantavam como nós e choravam como nós. No final, entregaram-me ramos e ramos de flores (risos).

A Amália cantava que "o fado é tudo o que digo e mais o que não sei dizer". Já encontrou a sua definição para fado?
Isso é tão difícil! (risos) Há algumas frases que acho curiosas, como a do "fadista louco", mas há uma que talvez traduza aquilo que sinto, que é "quando me sinto só, sabe-me a boca a fado".

Ainda faz sentido falar em estranha forma de vida para o fado?
Claro que sim. Para quem canta fado, os sentimentos são muito mais fortes. Quando se está triste está-se muito triste e quando se está contente está-se apenas contente. Há uma forma diferente de sentir as coisas.

O que tem aprendido com o fado?
Tenho aprendido que a vida está cheia de segredos. Mas o fado ajuda-me também a exorcizar os meus medos e as minhas tristezas.

Coliseu dos Recreios

Concertos de lançamento do álbum “Fado Tradicional”
Coliseu dos Recreios, Lisboa, Portugal
29 e 30 de Novembro de 2010
Fotografias António José Ribeiro
www.moroemlisboa.blogspot.com


























































































































Mariza transforma Coliseu em tarberna intimista

de Cátia Soares
www.tvi24.iol.pt, 30 de Novembro de 2010

Na primeira de duas noites no Coliseu de Lisboa, Mariza foi recebida por uma sala bem composta de público e desfilou temas já bem conhecidos do fado português. Passando em revista quase dez anos de carreira, a fadista apresentou o seu quinto álbum de estúdio, «Fado Tradicional», num verdadeiro regresso às raízes, em jeito de homenagem aos poetas e fadistas que marcaram todo o seu percurso.

Envergando um longo vestido em tons vermelhos e pretos, a anfitriã da noite subiu ao palco - cuidadosamente transformado numa taberna intimista, com direito a mesas, toalha vermelha, vela a alumiar e, como não poderia deixar de ser, uma plateia atenta. Desenhado pelo arquitecto canadiano Frank Gehry, o cenário permitiu que houvesse proximidade e interacção ao longo de toda a noite.

«E se vocês não estivessem a meu lado, então não havia fado nem fadistas como eu sou». Foram estas palavras sábias do tema «Loucura» que serviram de pretexto para dar início ao espectáculo. E foi sem grandes pausas que se seguiu «Fado Vianinha» e um pequeno passeio «Na Rua Do Silêncio».

Dirigindo-se pela primeira vez ao público, Mariza fê-lo em jeito de agradecimento, lembrando as comemorações dos 120 anos da sala lisboeta, para logo depois se entregar ao tema «As Meninas Dos Meus Olhos».

Sentada numa das mesas da «sua taberna», a fadista, ainda que pouco efusiva, parou para agradecer a Jorge Fernando o próximo tema: «Chuva». E foi então que os aplausos efusivos da plateia deram lugar a um silêncio carregado de respeito e admiração.

Mariza sabia o peso da responsabilidade e estava preparada para o desafio. Seguiu-se «Desalma», «Barco Negro» e um dos seus fados tradicionais preferidos, uma das suas grandes «paixões», «Fado Primavera».

Chegou o habitual momento de fado instrumental, em que Mariza deixou de lado a sua voz poderosa para que os músicos que a acompanham pudessem brilhar em «cinco minutos de guitarradas».

Entre tantos fados que cresceu a ouvir na Mouraria, a cantora recordou também as grandes vozes com que lá se cruzou, desde Fernando Maurício a Carlos do Carmo, e daí saltou para «Meus Olhos Que Por Alguém», de António Botto, «um grande poeta português», nas suas palavras.

O público, que a presenteava com flores, deliciou-se, entretanto, ao som de «Meu Fado Meu». Já o tema mais aguardado ou, pelo menos, um dos mais votados no Facebook da fadista para esta noite, chegaria logo a seguir com o alegre e fresco «Cavaleiro Monge», de Fernando Pessoa.

«Vivo muito bem dentro de mim», do tema «Mais Uma Lua», fez-se ouvir por todo o coliseu e parecia reflectir o estado de espírito de Mariza, confiante para prestar a sua homenagem à «rainha», Amália Rodrigues, e arrepiar a plateia com «Ai, Esta Pena de Mim».

A próxima paragem foi Alfama, um sítio «que cheira a saudade». Mas a estadia foi curta. Era tempo de voltar ao palco, onde se encontrava Artur Batalha, «uma voz com muito peso», que a cantora escolheu para a acompanhar no tema «Promete, Jura».

Já mais solta, Mariza rodopiou e até deu um pezinho de dança, enquanto interpretava «Rosa Branca». O público, apesar de não se levantar das cadeiras para a acompanhar, não se faz rogado e mostrou que sabia a letra de cor.

Numa altura em que tanto se fala em «crise global», Mariza despediu-se, agradecendo a todos os que a receberam em Lisboa. Mas logo voltaria para um divertido encore em que cantou ao desafio com os seus músicos e Artur Batalha.

«A minha alma é alimentada por vós», sublinhou a estrela da noite, que desceu do palco para cantar junto do público «Gente Da Minha Terra» - um tema que a irá, certamente, acompanhar nesta «nova caminhada», que ainda vai passar por muitos palcos. Que todos a recebam como o Coliseu de Lisboa, de pé e de braços abertos.

Mariza simples e eficaz num Coliseu de fado

Diário de Notícias, 30 de Novembro de 2010

Sobe o pano e Mariza acorre a um palco onde já se encontram músicos e público, prontos para uma ceia de fado. No regresso às raízes, assumidas em Fado Tradicional, o concerto funciona como um prolongamento do disco.

O ambiente das casas de fado é recriado com mesas arranjadas com panos vermelhos. A "taberna" desenhada pelo arquitecto Frank Gehry é, afinal, mais simples do que se pensa: luzes e velas desempenham o papel que se imaginava de um cenário criado de raiz.

Mariza deu os parabéns aos 120 anos a sala do Coliseu e arrancou para um concerto mais contido que os das digressões recentes. Na primeira parte do espectáculo, a nudez das "novas" canções foi revelada com recurso a poucos instrumentos. Duas guitarras, um baixo e pontuais percussões actuaram como cúmplices de uma voz cada vez mais segura, por oposição a um certo exibicionismo de início de carreira.

O Coliseu importou o ambiente da Mouraria e transformou-se num enorme clube de fado. A vénia prestada à fadista foi também um tributo a todos os que canta(m).

Mariza no Coliseu dos Recreios

de Lia Pereira
Blitz, 30 de Novembro de 2010

Em tempo de crise, Mariza agradeceu a todos os que "a receberam" no Coliseu de Lisboa, sala a comemorar 120 anos de atividade. Saiba como correu a noite de fados nas Portas de Santo Antão, com voz e guitarra no "epicentro".

Foi com palmas de parte a parte que arrancou, ontem à noite, o concerto de Mariza no Coliseu de Lisboa. Gigante num vestido negro e rubro, a super-fadista surgiu em palco de forma serena e sem artifícios, tranquilamente juntando-se aos três músicos com quem gravou o novo Fado Tradicional e ainda aos amigos que, no cenário-taberna desenhado pelo premiado arquiteto Frank Gehry, se sentavam em torno das mesas de toalha vermelha e velinha a alumiar. Mariza, dizíamos, começou por aplaudir o público e a ovação que este lhe dispensou; as palmas ecoaram, secas mas quentes, pelo Coliseu quase cheio, dando o mote a uma noite que se queria intimista.

Fado Tradicional , o álbum que Mariza acaba de editar e já conquistou o galardão da platina, foi o pretexto do reencontro da portuguesa com Lisboa, cidade em que cresceu e onde aprendeu o idioma do fado. Depois do "globetrotter" Terra , Fado Tradicional é mais próximo das raízes e mais direto "ao osso", o que ao vivo também se faz sentir. Ao longo dos primeiros temas - "Loucura" a abrir", o novo "Fado Vianinha", "Na Rua do Silêncio" e "As Meninas dos Meus Olhos" logo a seguir - Mariza mostrou-se contida e até algo severa, como que apostada em explorar os seus intrigantes tons graves num estilo contemplativo que retirou ao espetáculo alguma da efusividade que se esperava.

Contudo, a partir de "Lágrimas del Alma", uma interpretação muito emocional aplaudida em delírio, o concerto ganhou todo um novo ritmo: a percussão de "Barco Negro" conferiu um travo tropical à música dos xailes negros, e o público não podia ter respondido melhor a esta espécie de "fado com ananás". A mesma alegria contagiou "Rosa da Madragoa", do novo disco, antes de as luzes se baixarem e os sentidos se apurarem com "Primavera", o fado favorito de Mariza - ontem, descreveu-o como uma das suas "grandes paixões" - e certamente um dos momentos em que a sua voz se escutou com mais altivez, no bom sentido.

Depois de cinco rigorosos e frenéticos minutos de "guitarrada", a cargo dos seus esmerados músicos (na guitarra portuguesa, viola e baixo acústico), Mariza regressou a palco para conciliar com sucesso a apresentação de um disco algo introspetivo com a necessidade de oferecer um espetáculo dinâmico e atraente; em "Meu Fado Meu", do álbum Transparente , foi especialmente delicada; em "Cavaleiro Monge", uma das mais pedidas pelos seus fãs no seu Facebook, quase ibérica, e em "Mais Uma Lua" verdadeiramente impressionante. Se, em disco, a tirada "vivo muito bem dentro de mim" parece emanar uma particular verdade, ao vivo ganha ainda mais pujança e orgulho. A mesma violência trespassa "Ai, Esta Pena de Mim", apenas voz em carne viva e frugal, violento acompanhamento de guitarra a fazer jus à letra antes cantada por Amália: "Ai esta angústia sem fim / Ai, este meu coração / Ai, esta pena de mim / Ai, esta minha solidão".

Foi, de resto, à "rainha" Amália que Mariza dedicou o arrepiante momento, antes de a palco chamar Artur Batalha ("uma voz com muito peso, muita vida", elogiou) para acompanhá-la na nova "Promete, Jura" (que repetiria sozinha no encore, de forma mais incandescente). O "passeio" sugerido com "Rosa Branca", claramente um dos seus maiores êxitos de sempre, pôs a plateia a cantar com empenho e afinação, conduzindo a um encore "sem modernices", ou seja, sem amplificação, em que, livres de microfones, Mariza, os seus músicos e o convidado Artur Batalha se lançaram em despiques bem humorados, divertindo a plateia.

Seria, inevitavelmente, com "Oh Gente da Minha Terra" que Mariza, depois de agradecer a companhia dos admiradores em tempo de crise, desceu do palco para a apoteose final. Talvez por tão bem resumir a essência nostálgica do fado e da nação, a música que Mariza gravou logo no primeiro disco, há quase 10 anos, é a mais aguardada dos seus concertos e levou ao êxtase o Coliseu. Seguem-se agora, no dizer e na agenda da estrela da noite, o Natal "em casa, com a família", o aniversário e o fim-de-ano, antes de nova digressão internacional levar a portuguesa a percorrer os quatro cantos do mundo. Em Lisboa, ficou esta noite mais uma vez provado, será sempre recebida de braços abertos.