www.cm-vnfamalicao.pt, 10 de Março de 2008
Uma súbita tristeza, uma alegria incontrolável, uma figura que brilhava e balançava em palco e nos tocava a alma com uma voz que parecia vir do “outro mundo”. Um fado curvo, um fado tordo, um malhão, um cheiro a folclore… uma guitarrada. Foi assim, no último sábado, o concerto da fadista Mariza na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, na abertura do Famafest 2008. Uma mistura de emoções e sentimentos, que afinal todos reconhecemos, que afinal é aquilo que nos identifica e distingue… que é o próprio fado.
Durante cerca de uma hora, mais de 500 pessoas sentiram o fado, muitas vezes em silêncio, outras vezes cantando e batendo palmas ao ritmo da música. Porque, como cantava Mariza, “Se ser fadista é ser triste; É ser lágrima prevista; Se por mágoa o fado existe; Então eu não sou fadista (…) Mas se é partir à conquista; De tanto verso ignorado; Então eu não sou fadista; Eu sou mesmo o próprio fado!”.
Já perto do final, Mariza abandonou a pose altiva e inatingível, e juntou-se ao público, andou no meio da sala, emocionou e deixou-se emocionar pelos versos de “Ó gente da minha terra; Agora é que eu percebi; Esta tristeza que trago; Foi de vós que a recebi”. Desafiada pelo público, que lhe lançava as rosas brancas que tinham sido oferecidas à entrada no âmbito do Dia Internacional da Mulher, Mariza terminou a cantar o tema “Rosa Branca ao Peito”, sem micro acompanhada apenas pelas guitarras.